Por Dra. Liha Bogaz
Estima-se que o Mal de Alzheimer atinge, no mundo, cerca de 35 milhões de pessoas. No Brasil são 1,2 milhão de casos. Os sintomas se confundem, no início da doença, com características comuns ao envelhecimento fisiológico cerebral, como alteração de memória.
Somada ao desconhecimento e falta de preparo de profissionais de saúde e da família de pacientes, a doença se transforma em um verdadeiro calvário. “Infelizmente a falta de conhecimento sobre o assunto gera desconforto e sofrimento para o paciente e seus familiares mais próximos. É preciso um esforço conjunto para que o portador da doença tenha qualidade de vida satisfatória”, aponta a geriatra Liha Bogaz.
A especialista diz que prolongar a autonomia e a independência do paciente é um foco a ser seguido, ajudando a manter sua dignidade e autoestima. O cuidador não deve fazer pelo paciente algo que ele ainda é capaz de fazer sozinho, ou mudar sua rotina sugerindo atividades que não eram do seu interesse – isso pode gerar ansiedade, frustração e confusão. Adequar as atividades às capacidades ainda preservadas e mantê-las sob supervisão é indicado, como por exemplo banhos, preparação de alimentos e alimentação, troca de roupas, uso do sanitário, entre outros. “Ter alguém por perto cria vínculos e traz mais segurança ao paciente e todos da família. Tratar o ente querido como inválido, no início da doença, pode ser danoso”, completa.
Abreviar o diagnóstico da doença ajuda a preparar o ambiente e as pessoas que vivem nele. “Com o diagnóstico provável em mãos é possível conscientizar a família explicando como a doença funciona e qual é o prognóstico para que o relacionamento no lar seja o mais saudável possível. A atitude de negação à doença é muito comum, atrapalha e retarda o início do tratamento e pode ter consequências drásticas do ponto de vista pessoal, familiar, social e financeiro”, diz a especialista.
Segundo ela, pode ser necessário implementar algumas mudanças estruturais na casa, como por exemplo retirar pisos e degraus que provocam quedas, colocar barras de apoio em banheiros, eliminar móveis e adornos perigosos, retirar tapetes, adaptar iluminação, etc. Outro alerta da geriatra é com relação aos cuidadores. Esses devem estar treinados e preparados para lidar com o avanço e as particularidades da doença. “Aconchego, carinho, amor, companhia, cuidados… essas qualidades são necessárias, trazem grande conforto, segurança e amparo a quem sofre com a doença de Alzheimer e não devem ser esquecidas”, finaliza a médica.