Consumo indiscriminado pode ter consequências como resistência ao medicamento

A utilização indiscriminada de antibióticos é uma das principais causas do surgimento de superbactérias pelo mundo. Por esse motivo, a Organização Mundial da Saúde – OMS criou um relatório global apontando o problema como uma ameaça à saúde pública global. O material dá ênfase a sete bactérias responsáveis por doenças comuns e graves como diarreia, pneumonia, infecções do trato urinário e gonorreia.

“Nos hospitais, já observamos o reflexo desse uso inadequado de antibióticos. Alguns pacientes já chegam com infecção por uma bactéria multirresistente, o que nos obriga a iniciar o tratamento com medicamentos cada vez mais ‘fortes’. Esse foi um dos principais motivos que levou o Governo a criar a lei que exige a receita médica para venda de antibióticos nas farmácias”, explica o médico infectologista do Serviço de Prevenção e Controle de Infecção da Unimed Rio Preto, Inaldo Junior.

De acordo com ele, “o antibiótico é um medicamento que precisa ser usado em doses certas, pelo tempo certo. Caso contrário, pode levar a toxicidade, causando danos aos rins, fígado e audição, além de contribuir diretamente para o desenvolvimento dessas bactérias resistentes à medicação”, explica.

A técnica em farmácia Jôicy Franco Silva, cultivou o hábito de se automedicar em casa. “Minha família tem o costume de tomar remédio para qualquer coisa, até mesmo os antibióticos. Eu uso quando necessário, em média, uma ou duas vezes por ano quando minha renite se agrava, por exemplo”, explica Jôicy.

O médico orienta que isso nunca deve ser feito e a pessoa só deve iniciar um tratamento medicamentoso após prescrição médica. “Isso é importante porque um mesmo antibiótico pode não ser o melhor para todas as pessoas em diferentes situações. O tratamento pode mudar dependendo de qual região do corpo é acometida, idade do paciente, gestação ou amamentação e, dependendo da pessoa, um antibiótico pode ser mais eficiente do que o outro”, enfatiza o infectologista.

Mas além da automedicação, existe ainda outro problema: desobedecer a receita médica. Foi o que o advogado João Flávio Zara fez.  Com uma forte infecção na garganta, ele tomou por apenas três dias um antibiótico receitado para dez. “Me senti melhor e decidi parar. Logo depois voltou a dor e eu tomei por mais uns dias até o sintoma passar. Consequência disso, a infecção aumentou e atingiu o ouvido. Tive que voltar a um especialista e começar novo tratamento”, conta.

Para casos como o do advogado, o médico afirma que o tratamento, simplesmente não vai funcionar e o paciente vai ficar tomando o remédio que não estará fazendo efeito nenhum. “A consequência pode ser grave e em algumas situações colocar a vida do paciente em risco”, conclui Junior.